Eu gosto de suco de abacaxi com hortelã e você ri quando eu pergunto todos os sabores nas lanchonetes pra só então pedir o de sempre. Você ri e não entende porque eu dou tanto trabalho quando o caminho mais simples de chegar e já pedir “um suco de abacaxi com hortelã com pouco açúcar” é tão óbvio. Assim como quando eu pergunto se eu devo sair de vestido ou de calça e você diz “vestido” e eu coloco uma calça. É que eu te amo tanto e tanto que te testo, pra saber até que ponto você é isso que você me diz ser ou você é apenas aquilo que projeto em você. Porque tem uma hora que a gente não consegue mais separar, sabe? E eu te pergunto se você ainda ficaria comigo se eu fosse de fato quem eu sou e não quem você quer que eu seja. E você não entende, mas seria algo assim, olheiras e cabelos despenteados. Porque eu nunca, nunca mesmo, nunca durmo cedo e estou desenvolvendo uma espécie de pavor por secadores. Mas eu sei que você é muito humano para conciliar amor com aparências assim, então não arrisco os cabelos curtos e cacheados porque você os prefere lisos e longos. Quero saber quando vamos estar no mesmo patamar de ilusões/desilusões, quando poderemos nos sentir mais confortáveis dentro dessas nossas pessoas tão diferentes uma da outra. Quando eu poderei amanhecer e ter certeza que eu posso ser de qualquer jeito. Eu tenho medo, sabe, que os anos cheguem mais rápido do que esperamos e amanhã eu me veja acordando ao seu lado, exatamente como sou. Porque a gente não consegue muitas máscaras às 6 horas da manhã. Às 6 horas da manhã eu sou tão eu, tão mal-humorada, de olhos tão fundos e cabelos tão emaranhados que eu não sei se você vai ser tão capaz assim de me aceitar. Mas eu espero que sim, porque eu te amo tanto e tanto que desistiria até daqueles meus sonhos esquisitos de ter cinco filhos e muitos cachorros e uma máquina de café expresso. Mudaria até esse meu jeito sem-postura de andar e as unhas com esmaltes pela metade. Então você, tão complacente, ri e me diz que me aceitaria de qualquer jeito, ainda que minhas paranóias fossem duplicadas e me chama de boba. E eu, boba que sou, admito as paranóias e durmo mais tranqüila, porque afinal, eu desistiria de tantas coisas por você que até deixaria de ser eu. Mas por deixar de ser eu, eu te perderia. E por te perder... eu me perderia...
(não é realidade, só um dramalhão por licença poética)
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
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Um comentário:
Que coisa mais linda.
E não é esse o medo de todos nós, todos nós que amamos?
lindo te ver escrevendo, lindo te ler Nanna :)
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