sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Tripé

Você sabe, são três pernas. Duas inatas... A outra consegui sem muita súplica. Eu sei que com três fica mais difícil de andar, os passos se tornam mais pesados e lentos. Mas gosto da cautela. Prefiro manter-me no tripé. Você sempre atrás de pressa, eu preciso de equilíbrio. Eu sei, você dirá que meu equilíbrio contraria sua velocidade. Não consegue mais correr a passos mancos e infalsos. Ficamos assim, você tentando voar, imerso na sua insegurança e eu esbanjando tranqüilidade no meu excesso de proteção. Também não entendo porque sou tão invasiva. Mas nos prometemos, nos cedemos; você me deu a terceira perna para que eu me apoiasse, sem que eu insistisse. Apoio foi só o que te pedi, mas você preferiu se anular parcialmente e te custou teus hábitos e costumes. Te custou parte da tua habilidade em lidar com a vida. Te custou quem você costumava ser. Não quis assim. Queria você, sua pressa, velocidade, capacidade e queria você pra me fazer segura e mais presa ao chão. Queria você como um guia. No final, fomos atraso... Hoje, dois inertes: um tripé vagaroso e um hesitante manquejado constante.